30/09 - Timișoara...
Mano, é doloroso.... Quando nêgo vem cagado no mundo, não tem vale-refeição de 10 euros que resolva...
Quando a gente toma demais na cabeça, fica humilhado, encolhido, passa a se contentar com menos... Hoje já estávamos exultantes meramente porque havíamos conseguido entrar no avião pra conexão em Munique, como se o cosmos nos amasse e houvesse nos presenteado por meramente não enfiar o seu dedo metafísico malcheiroso em nossos traseiros. Torcíamos agora para o voo para Timisoara não dar problema, e ainda dar pra aproveitar pelo menos em parte a cidade.
Mas eis que então o avião seguia parado, demorando para decolar, com as aerotias andando de frente a fundo contando nos dedinhos meio artrīticos, como se fossem fãs da Eliana, o número de passageiros. Havia bagagem embarcada sem seus correspondentes donos a bordo, o que mais uma vez impedia o avião de sair. Toda a bagagem já carregada teria que ser retirada, e as malas órfãs removidas. Mais uma vez, a conexão seria perdida! O próximo voo chegando a Timisoara apenas às 5 da tarde. A gente passa o ano se programando pra vir parar nuns cus de mundo irados, meu irmão, e acaba fazendo turismo de área de espera de aeroporto. Ganhamos dois vouchers de 10 euros para a alimentação durante a espera, que mal cobriam um salgado e um refrigerante. Pensamos em, nas próximas 4 horas de turismo perdido, dar uma sumida do aeroporto e ir conhecer o bucólico e minúsculo e provavelmente completamente negligenciável vilarejo de Hallbergmoos, a única coisa que ficava perto dali. Mas perto, neste caso, eram mais de 7 km, e tudo de que não precisávamos era perder o voo pela terceira vez.
Bom, enfim, finalmente aquela merda chegou na Romênia. E imediatamente estávamos jogados no reino da precariedade. Sem metrô ou trem para a cidade, itinerário do ônibus escrito num pedaço de papel fixado no poste do ponto, frequência do veículo de uma vez por hora. O próxima chegaria dali a 50 minutos, se é que de fato chegaria.
Foi então que, com muita dor no bolso, não tivemos alternativa senão chamar um Uber.
Eu ando muito pouco de táxi, porque, como sempre digo, dinheiro não sai da bunda, mas nas poucas vezes que o faço, parte da experíência ė ir batendo papo com o motorista. O que não deu para fazer com o bizarro Nanu, placa TM35MDP, que simplesmente não interagia, não falava, não respondia perguntas, sei lá se por não entender inglês ou por bisonhice mesmo. Pareceu que estávamos sendo conduzidos por autista de nível de suporte 3. Não menos antipática foi a recepcionista do hotel decrépito que, sem interromper a ligação telefônica por meio da qual provavelmente esbravejava com o dono do estabelecimento por ter lhe passado gonorréia, nos jogou uma chave de quarto em cima do balcão, com suas unhas postiças de perua frequentadora de festa de peão de boiadeiro.
Já escurecendo, vencemos os 3,5 km que nos separam do centro da cidade. No caminho, visitamos uma retrospectiva de meu velho amigo Dan Petrovischi, que teria conhecido desde o tempo em que ele participou de uma mostra no SESC Belenzinho, se eu fizesse alguma ideia de onde o Belenzinho fica.
A cidade, meio mortona às nove da noite, como esperado. O jantar, a preço de restaurante de gente grande, honesto mas com porções bem mesquinhas. Até a coca-cola era naquela garrafinha escrota de 200 ml. Outro sinal do subdesenvolvimento, a gorjeta. A conta aqui vem com dois quadradinhos ticáveis, para a gente escolher se quer pagar 10 ou 15%. Fiz-me de desentendido e não assinalei nenhum, pagando apenas os já caros 110 lei da pouca comida consumida. Vamos ver se dá pra fechar está viagem toda sem ter desembolsado gorjeta nenhuma.
Ah, e final feliz: hoje, às 6 da manhã, a bolsa da Hannibal começa a apitar, e não se tratava de flatulência. Era o mafadado tablet que então soubemos não ter sido perdido, mas simplesmente enfiado no meio de tantas roupas, cremes, secador de cabelo, tábua de passar roupas e aparelhos de depilação a laser que simplesmente não tinha sido possível encontrá-lo ontem.
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