12/10 - Bregenz
E foi aqui que tudo começou. Depois de já algum tempo correndo maratonas de rua em São Paulo, nauseado pela presença de tantos brasileiros ao meu redor, pensei: está na hora de dar o próximo passo, e me tornar um maratonista internacional. Para correr com apenas a quantidade padrão de brasileiros que infestam este planeta todo, mas não com os altos teores deste povinho que se costuma encontrar no Brasil.
E minha escolha foi esta, da Drei-Länder Marathon, ao redor do lago Constance, aí já começaria em grande estilo, correndo por três países de uma vez só. Nem me lembro por que razão acabou não rolando, e, naquele ano, terminei indo correr não aqui mas em Eindhoven, que também acabou se mostrando um belo descabaçamento maratônico internacional. Apesar dos 11 graus centígrados e chuva, que me forçaram a correr vestindo e ensopando meu agasalho de frio, foi meu melhor tempo até então. Desde então, foi só ladeira abaixo, com sempre uma maratona enfiada em cada próxima viagem, até chegar ao ponto de montar as últimas viagens ao redor de maratonas, e aumentar a cada novo ano o número delas. Cinco desta vez, haja lombo pra carregar as medalhas.
Foi uma corrida bonita. De lago mesmo, muito pouco, porque metade do trecho que o margeava ocorreu por uma calçada com uma faixa de vegetação entre os dois. Mas depois a corrida seguiu por uma profusão de parques e periferias também agradáveis. Dia nublado, sem chuva, sem muito frio, depois o sol abriu no final. Também sem urgências evacuatórias inesperadas. Meu tempo é que foi desapontador, 4h36. Para quem havia feito 4h20 havia uma semana, em condições semelhantes. Algumas coisas nesta vida, como o gotejante tesão que a Ana Paula Arósio nutre por mim sem nem remotamente se dar conta disto, são inexplicáveis.
No fim da tarde, com o orgulho doendo mais do que os pés, depois de um banho num dos chuveiros de campanha meio improvisados num canto do estádio de chegada da corrida, com direito a me enxugar peladão ali no meio do espaço público, com apenas uma lona nos separando do resto do parque, fomos ainda passear na porção alta e antiga da cidade. A inscrição na maratona nos dava direito a acesso grátis aos dois principais museus locais, ambos de arte predominantemente contemporânea. O mais famoso deles, um caixote de 3 andares, tinha apenas uma obra em cada, as três do mesmo artista. Uma delas era apenas um cano passando pelo teto da sala, que só conseguimos identificar após a menção por uma das monitoras. Preço nominal da entrada: 14 euros. Eu teria ficado muito, mas muito puto mesmo, se tivesse pago pra entrar.
Quanto à cidade alta, num terreno extremamente irregular, cheio de aclives e declives súbitos, casas incrustradas nos paredões das montanhas, paisagismo caprichado, tudo bem mais bonitinho do que as fotos foram capazes de captar.
E, ah, sim, mais sobre o hotel: este se superou. O quarto até que é passável, mas num puxadinho fora da casa principal, enquanto o banheiro fica dentro dela, no segundo andar. Então, aquele xixizinho de madrugada do prostatismo que a cada dia se insinua mais saliente fica logisticamente complicado. Descobri que, no escuro da noite, dá pra por o pé pra fora da casa e, encostado no batente da porta, como quem apenas aprecia a lua, e aliviar a uretra ali no cantinho da parede mesmo. Ser homem é muito prático.
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