16/10 - València

Sim, acabamos tomando a merda do Uber até o aeroporto. Às 10 da noite estava por 23 euros, parecia razoável dado que só o ônibus até o aeroporto já custaria 20. Mas às 4 da madrugada o preço já era 32. Trinta e dois euros enfiados na bunder!
Mas, em compensação, desta vez algo diferente aconteceu! Descobri como produzir o tal QR code necessário para ganhar a franquia de consumo no café do aeroporto equivalente ao uso da sala vip, que, naquele terminal, parece que nem existia. 23 euros por cabeça! E então, as rabas nas quais 32 euros do Uber já haviam sido introduzidos havia pouco, enfiamos mais 46 euros em tranqueiras variadas. Pegávamos coisas e mais coisas, e o crédito nunca acabava!

O hotel ficava perto do aeroporto, e, consequentemente, longe de tudo. Conseguimos deixar as mochilas lá para voltar só à noite e poder finalmente entrar no quarto, mas eis que então as tropas do sul começaram a se mobilizar, e não havia banheiro naquilo que se passava pelo saguão do estabelecimento. Já sei, pensei eu! O Burger King pelo qual havíamos passado no caminho, ali pertinho! Fechado. E as portas do inferno continuavam a ser brandidas com crescente vigor pelo lado de dentro! Num café ali na frente, pedi o obséquio de depositar minhas fezes no sanitário de tão excelso estabelecimento. "Claro, se você for um cliente", respondeu a tia. Já alquebrado, atingido de morte em meu princípio de que a evacuação gratuita é um direito humano universal e inegociável, já me preparava para, após ter deixado amplo vestígio de minha passagem por aquele banheiro naquela porção traseira da privada que a água da descarga nunca atinge, comprar uma bala soft, ou algo assim, quando percebi que havia tambêm uma porta de entrada nos fundos do local! Sem pestanejar e revigorado pela expulsão daquele resíduo tóxico fétido de minhas entranhas, inaugurei uma nova modalidade de fuga! Não dá caminhada, mas deste café fecalo-argentário!


Dirigimo-nos então para mais uma caminhada, seguida de, claro, mais uma fuga, enquanto Hannibal mais uma vez rosnava imprecações, vomitava bolotas de pêlo de asno, expulsava jorros de sangue pelo nariz e dava socos na própria cabeça inconformada com tamanha molecagem. Almoçamos uma paella valenciana, coisa que eu nunca havia feito, mas que me permiti finalmente fazer porque está modalidade não leva frutos do mar. Nada memorável, basicamente uma galinhada paga em euros.



Já prestes a encerrar o dia, depois de termos dado uma passada pela Ciutat de les Arts i les Ciències, obra de Calatrava não isenta das famosas infiltrações e descolamento de pastilhas que lhes são contumazes, encontrei um espetáculo pomposamente descrito como uma releitura do livro e ópera sobre Fausto, mas era só uma daquelas apresentações de alunos do curso de artes cênicas hospedado no local, aquela coisa mambembe, pouco lapidada, mas aceitável nesta categoria. Daqui a uns 40 anos os atores serão muito bons. Custou só 4 euros, valeu o que custou. Pela internet, cobram aquela taxa de processamento, de mais 3 euros, mas lá na boca da bilheteria cobraram também, com valor de 7 euros impresso no ingresso e tudo. Ladröes.




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