17/10 - València


A ideia era acordar em tempo para poder usar uma última vez o bilhete de transporte público de 24 horas comprado ontem, mas, com a inesgotável correria de sempre, decidimos que um pouco mais de sono valia uns 3 euros a mais pra comprar um novo day-ticket no dia seguinte, e poder sair pra bater perna um pouco mais tarde. Em compensação, usamos este bilhete até o talo, às vezes para andar de uma estação de metrôbà seguinte, enquanto as banhas por falta de atividade física iam se acumulando.


O dia estava mais uma vez já quente, com aquele sol ardido, o que, além do incômodo no próprio momento, me levou a temer pelas condições em que correrei a próxima maratona.


Após a caminhada cênica até a porta do zoológico, que custava uns 40 euros e nem parecia ser tão grande coisa, e depois até a porta de um museu de arte contemporânea que cobrava cincão para entrar (nem era tanto, mas e se este fosse como o de Bregenz, que custava uma fortuna para não ter praticamente nada dentro?), encontramos o segundo museu de mesmo perfil, este completamente na faixa, de bom tamanho e cheio de coisas interessantes.


No almoço, não sem alguma hesitação, encarei tomar uma horchata de chufa. Algo com este nome automaticamente desperta uma forte necessidade de ser tomado e, ao mesmo tempo um intenso receio de fazê-lo. Mas, depois da paella de ontem, eu estava no clima. É mais ou menos como ir tomar um café na casa da vizinha do 32: Não se deve perder a oportunidade de experimentar pelo menos um pouquinho de oroanal e, se possível, uma ducha dourada. A coisa tinha sabor de um tonyu ao qual se tivesse esquecido de adicionar os flavorizantes, e deixava um leve retrogosto de amendoim após o último gole.


Já que fugir de duas caminhadas é mais divertido do que de uma só, e a Hannibal precisa ser treinada na milenar arte do espírito de porco, marquei uma segunda para hoje, de mesma temática genérica, na qual não ficaríamos mesmo até o fim, porque a ideia era pegar uma sessão das 19:00 do cinema, pra ficar fazendo hora até perto do horário do voo, às ingratas 23:40.
No ponto de encontro da caminhada, quem cruzou conosco? A guia de de ontem! Tentei me encolher atrás da Hannibal, após tê-la resgatado a meio quarteirão de distância porque saiu correndo desesperada assim que também reconheceu a moça, mas juro que chegamos a fazer contato visual.


Chegando ao cinema, surpresa, não havia a sessão no horário indicado pelo Google. Provavelmente o filme já está disponível nas plataformas piratas neste momento, e a crítica nem era lá muito favorável, e não haveria como usar carteirinha fajuta para pagar meia, mas contar com o ovo na bunda da galinha, mesmo que ela tenha hemorróidas, e depois acabar por perdê-lo sempre é bastante frustrante. Como a Dilma te jogar um beijo, você ir lá pagar pra ver porque não está fazendo nada muito interessante mesmo, e então ela dizer que não vai rolar porque está com dor de cabeça.


Fomos então mais cedo para o aeroporto, desfrutar de mais uma sala vip, esta surpreendentemente honestinha: moderadamente frequentada, com boa comida, uma garrafona de licor de creme do qual tomei um bom quarto de copão de uísque, e do qual deveria ter tomado mais, se não fosse meu absoluto desconhecimento de qual é o meu limite para começar a apresentar alguma embriaguez. 
Deu pra subtrair uns iogurtes e pudins, e mais uma vez demos sorte de o pessoal da Ryanair não implicar com as mochilas claramente mais volumosas do que aquele tamanhozinho ridículo franqueado. Agora, se os pudins não tiverem explodido todos quando espremi a mochila no compartimento de bagagem, temos mais 2,5 de caminhada à 1 da madrugada, provavelmente pelo acostamento da rodovia, até chegar ao hotel.

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