20/10 - Prishtinë
A vida é assim mesmo ... Como diria Deus, "primeiro eu como, depois você dá"... Um dia a gente ganha da perna, outro dia a perna ganha da gente. Hoje, 4 da madrugada, a caminho do aeroporto, tive uma hipotensão vasovagal devida à dor na panturrilha, e fui pro chão, no meio da rua, na frente de um grupo de boêmios ainda bebendo na calçada. Acordei com Hannibal mordendo os próprios braços de desespero e umas 4 outras pessoas meio aflitas tentando oferecer ajuda. Menos pela dor, e mais pelo tempo perdido nesta brincadeira e a necessidade de provavelmente manquitolar mais devagarinho até lá, tornou-se inevitável pedir um Uber. Mais 13 euros introduzidos no rabo.
Ao chegar ao aeroporto, sala vip só para os voos não-Schengen, o que não era o caso da conexão. Mesmo se tivéssemos conseguido entrar naquela outra área de embarque, o aeroporto era tão enorme que provavelmente teríamos perdido o voo até chegar ao nosso portão, em outro terminal.
Em Genebra, onde fizemos a conexão para Pristina, chovia, mas tudo bem, no final ficaria muito apertado tomar um trem até o centro pra ficar lá uma horinha e meia, com mochila nas costas, e correndo o risco do atraso, mesmo se estivesse um dia bonito. Ficamos então lá na sala vip, bem mediocrezinha para um aeroporto de um dos países mais caros do mundo, com um cafezinho da manhã meia-boca.
E está tudo errado! Finalmente vim parar no Kosovo, numa coisa meio avulsa, dois dias e pronto, enquanto, na minha temporada de Iugoslávia uns anos atrás, retratado no nada memorável antiblog intitulado Até os Ovos nos Kosovos, o único país ao qual não consegui ir foi exatamente este. É mais fácil chegar a Pristina a partir de Mallorca do que de Montenegro, ali do lado.
E aqui, até mais do que na Albânia, ficam evidentes os contrastes e a relativa pobreza do país: muito trânsito, ônibus com grande intervalo entre um e outro (mas que custam 50 centavos de euro), ruas detonadas, que do nada se tornam caminhos baldios de terra, o próprio hostel onde ficamos está numa rua bem Cidade Ademar, e para chegar nela é necessário percorrer um quarteirão que não deixa nada a desejar à favela de Paraisópolis. Mas custou 32 euros, por duas noites!
O ônibus do aeroporto ao centro da cidade era dirigido por uma mulher, e toda gostosona. Foi paixão mútua à primeira vista, e ao longo dos bons 50 minutos do trajeto, eu podia escutá-la lá do fundo do ônibus arfejando de entesamento pela minha pessoa, enquanto a testosterona agudamente secretada pelos meus idosos e atróficos testículos até me fazia esquecer da dor na panturrilha. E não é a motorista que recolhe a grana da passagem, mas uma cobradora ambulante, que passa visita da frente aos fundo do veículo, recolhendo a grana. Assim como em vários outros lugares aqui, e ao contrário dos outros países até agora, até mesmo a Romênia, só em dinheiro vivo, nada de cartão.
A perna começa a melhorar. Após meu desmaio, eu estimava as chances de conseguir correr a próxima maratona em uns 20%. Agora eu já chutaria uns 60%. Só não sei como a perna vai estar depois de eu tê-la terminado.
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