01/10 - Timișoara, Cluj-Napoca


O hotel em Timisoara foi como minha vida sexual: decadente, vagamente desapontador, vastamente longe de seus dias de glória, porcamente dando conta do mínimo inegociável. De certo modo, fizemos até melhor passando a noite no Holiday Inn de Bruxelas. 

Hoje acordamos cedo, fomos tentar recuperar o tempo perdido em salas de embarque, dando aquela voltinha meio apressada pela cidade, olhando pro relógio, com medo de perder o ônibus de hoje, depois de tantas perdas. Sob a luz do sol, a cidade parece bem mais simpática, em vários pontos com aquela aparência de baixada do Glicério que, quando é em outro país, eu, colonizado que sou, acho tão charmosa. Mas também com parques inspirados e bem-cuidados, coisas de arquitetura muito curiosas. Foi tudo meio afobado, como o cara que compra 15 minutos de puta lá em Amsterdã, mas ficou meio que visto. Se ganhássemos magicamente de volta metade de um dia do dia e meio perdido, não restaria o que colocar nele.

A viagem para Cluj-Napoca tinha tudo pra dar mais merda. Os trens são lentos, caros, com malha muito pobre, então encontrei na internet um transporte por minivan, que sairia de um posto de gasolina afastado e chegaria a outro. Estava achando que simplesmente ninguém apareceria e ficaríamos ilhados lá no meio de lugar nenhum, sem alternativa de transporte. Mas havia um par de moças, provavelmente lésbicas, aguardando pelo mesmo veículo, o cara chegou lá direitinho, até antes da hora, com os dados de todos num aplicativo de celular e saímos até, pela primeira vez na viagem, adiantados, e não atrasados ou cancelados. Como o ser humano quando não caga na entrada caga na saída, o sujeito não topou nos deixar ali no centro da cidade, já perto do hotel, ao chegarmos, mas insistiu em seguir até o ponto final, outro posto de gasolina distante, nos forçando a tomar um Uber, perdendo dinheiro e tempo com congestionamento  para voltar ao mesmo lugar. Viadinho filho da puta. Tava tentando passar uma conversa nas meninas, mas não percebeu aque ali colava um velcro animalf. Ou percebeu, e achou que ia fazer cesta de 3 pontos.

Na chegada à acomodação, aquele cagaço que todas os os avanços tecnológicos dos últimos anos não bastam para extinguir: apesar de trocas de mensagens com o dono do lugar mais cedo, me dando a sensação de que tudo estava eçm ordem, não encontramos o número correto da casa, nenhuma indicação de que se tratava do local correto, nenhum rudimento de recepção ou pessoa na frente para nos receber. Com a ajuda de um dos vizinhos que por ali passou e fez uma ligação, apareceu uma senhora gordinha falante de zero inglês para nós deixar a chave.
Pela primeira vez em uma semana tínhamos  algum tempo livre pra dar uma morgada. Com nada mais na agenda do que ir dar uma volta noturna pela cidade, nos permitimos um cochilo, apenas para acordar ao som de... chuva! A primeira em uma semana, tão previsível quanto a próxima menstruação ou crise de herpes, mas, mesmo assim, sempre desapontadora quando se olha para poça de água no chão, o vermelho na calcinha ou as feridas na piroca. 
A caminhada se tornou então uma mais pragmática busca por algum lugar onde jantar, meio molhados, sob 7 graus, sensação térmica de quatro...

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